segunda-feira, abril 14, 2003
Aviso aos navegantes: por motivo de absoluta falta de tempo, este blog subiu no telhado. Aguardem dicas e toques sobre filmes, música e HQs no blog que deu origem à série.
segunda-feira, março 24, 2003
E aguardem para breve comentários sobre os filmes do Oscar que eu já vi (mas não tive tempo de escrever)!
Vi mas preferia não ter visto. Vocês viram O Demolidor? Eu vi. Pois é. Quinze primeiros minutos muito bons e bem estruturados. O resto é uma colcha de retalhos que não chega a ser pavorosa, mas não satisfaz. Sem contar com os personagens, todos descaracterizados. Não sou nerd a ponto de reclamar de filigranas, mas quem resumiu tudo muito bem foi o Marcelo Forlani, do Omelete. Confiram aqui o que ele tem a dizer a respeito.
O que vocês acharam do Oscar? Tirando a premiação de Melhor Filme para Chicago (qualé, As Horas ou
O Pianista mereciam mais) e de Melhor Música para Lose Yourself, do Eminem (U2 e até Caetano Veloso mereciam mais e não se fala mais nisso), o resto me agradou bastante, principalmente as premiações de Melhor Ator Coadjuvante para Chris Cooper (por Adaptação - quem lembra dele como o militar viado de Beleza Americana?) e Melhor Ator para Adrian Brody, por O Pianista.
Ah, sim, e o documentarista Michael Moore, que ganhou o Oscar pelo seu filme sobre o massacre de Columbine, com seu INCRÍVEL discurso contra "as eleições falsas, que nos deram um presidente falso, que provocou uma guerra falsa por motivos falsos". Vocês notaram que, embora os aplausos tenham sido poucos, as vaias também não foram expressivas. A maioria preferiu o silêncio. Esperemos que prevaleça o ditado: quem cala, consente. No War!
O Pianista mereciam mais) e de Melhor Música para Lose Yourself, do Eminem (U2 e até Caetano Veloso mereciam mais e não se fala mais nisso), o resto me agradou bastante, principalmente as premiações de Melhor Ator Coadjuvante para Chris Cooper (por Adaptação - quem lembra dele como o militar viado de Beleza Americana?) e Melhor Ator para Adrian Brody, por O Pianista.
Ah, sim, e o documentarista Michael Moore, que ganhou o Oscar pelo seu filme sobre o massacre de Columbine, com seu INCRÍVEL discurso contra "as eleições falsas, que nos deram um presidente falso, que provocou uma guerra falsa por motivos falsos". Vocês notaram que, embora os aplausos tenham sido poucos, as vaias também não foram expressivas. A maioria preferiu o silêncio. Esperemos que prevaleça o ditado: quem cala, consente. No War!
Chapado. É como me sinto agora, que acabo de voltar da cabine para a crítica do filme Solaris, de Steven Soderbergh. Segunda versão do clássico da literatura de ficção científica escrito pelo polonês Stanislaw Lem na década de 1960 (e filmado pela primeira vez por Andrei Tarkóvski em 1972), Solaris é ao mesmo tempo um filme de autor realizado com um cuidado impressionante (destaque para a direção de arte e para a ótima trilha sonora), e uma bela homenagem a Tarkóvski. Sim, porque quem resumiu perfeitamente o filme foi o Sérgio Kulpas, que assistiu a tudo do meu lado, igualmente chapado: "O Soderbergh fez um filme russo". No melhor dos sentidos: é um filme com poucas concessões, incrivelmente cabeça para o padrão descerebrado norte-americano. Não é um filme de ação, mas um filme de amor - tanto de amor romântico quanto, na minha humilde opinião, de amor ao cinema. O filme estréia na sexta. Vejam correndo!
segunda-feira, março 17, 2003
Louco por Séries! Ontem estreou na programação do canal AXN a nova temporada da série The Shield, que levou o ultimo Globo de Ouro de melhor ator (Michael Chiklis, estupendo) e de melhor série. O primeiro episódio do segundo ano foi eletrizante e justifica plenamente os prêmios. Há alguns meses escrevi para o site Fraude minhas impressões sobre a série, que eu estava acabando de conhecer. Abaixo, o texto na íntegra:
Deviam fazer isso no Brasil
Nova série policial americana enfim fala sério – por Fábio Fernandes
Truculência e corrupção policial. Uma delegacia de polícia onde ninguém é bonzinho, e mesmo os (pouquíssimos) que não tem nada a esconder encaram a vida com cinismo e desconfiança.
Você já viu isso antes. Mas nunca numa série de TV americana.
Estou falando de The Shield, uma das novas séries que o canal de TV a cabo AXN está exibindo no Brasil. Estrelada por Michael Chiklis, a série está a anos-luz de distância dos filmes policiais norte-americanos típicos, onde – ainda nos dias de hoje – o mocinho é inteiramente bom e o vilão é inteiramente mau.
Aliás, falando em mocinho, Chiklis dá um show a parte. Sua última série exibida na TV brasileira (na Record e no Multishow, no início da década de 90) foi O Comissário, em que ele fazia o papel de um chefe de polícia gordinho e bonachão, marido amantíssimo e pai dedicado, como se dizia antigamente. Em The Shield? Esqueçam: Chiklis é Vic Mackey, policial durão que é considerado o melhor não só do seu distrito como de toda a região mais barra-pesada de Los Angeles. Mackey é um sujeito que cumpre seu dever – mas se tiver que cobrir um marginal de porrada ou plantar provas falsas para pegar algum vagabundo, ele faz isso sem o menor pudor. E quem está falando em direitos humanos, cara-pálida?
Ok, ok, para a gente, que mora no Brasil, policiais que agem assim não constituem necessariamente uma novidade (a menos que você, estimado leitor, viva em Alphaville ou na Vieira Souto, mas mesmo assim tenho minhas dúvidas), mas é muito, muito bom ver uma série como estas na televisão. Primeiro porque, se é para ver uma série policial (eu vejo e assumo que gosto), vamos ver um negócio bem-feito: já chega desse negócio de homem-ou-grupo-de-homens-contra-a-corrupção-e-o-crime-na-cidade-grande. Ficção tem limite e acho que nem o norte-americano é tão imbecil a ponto de acreditar que um homem só derruba o sistema.
The Shield também não prega essa bobagem. Assume que o sistema é falho e corrupto, e não fica cheia de dedos na hora de expor os problemas. Tem policial pra tudo que é gosto: o político engravatado, o truculento marombado, o viado metido a certinho, o detetive inseguro e chato. Ninguém é melhor do que ninguém, e no fim das contas manter-se dentro da jogada é tão ou mais importante que combater o crime.
Melhor que isso, sinceramente? Só vendo uma série brasileira fazer a mesma coisa. Aliás, ver uma série brasileira (não produzida pela Globo, diga-se de passagem) já seria um grande adianto. Se fosse uma série honesta, então...
Primeiras impressões (que podem estar erradas) - Ontem, antes de The Shield, assisti um pedaço da nova série Boomtown. Dirigida por Jon Avnet (Tomates Verdes Fritos), a série mostra o violento dia-a-dia do lado pobre de Los Angeles. Não sei, mas fiquei com uma impressão desagradável de que os criadores da série viram Cidade de Deus e decidiram pegar o lado "cosmética da fome" (para usar o termo cunhado pela Ivana Bentes). Muito sangue e pouco conteúdo. Mas assumo: não vi o episódio na íntegra, logo posso estar redondamente enganado. Se alguém viu o episódio completo, mande um e-mail para a redação dizendo o que achou.
Deviam fazer isso no Brasil
Nova série policial americana enfim fala sério – por Fábio Fernandes
Truculência e corrupção policial. Uma delegacia de polícia onde ninguém é bonzinho, e mesmo os (pouquíssimos) que não tem nada a esconder encaram a vida com cinismo e desconfiança.
Você já viu isso antes. Mas nunca numa série de TV americana.
Estou falando de The Shield, uma das novas séries que o canal de TV a cabo AXN está exibindo no Brasil. Estrelada por Michael Chiklis, a série está a anos-luz de distância dos filmes policiais norte-americanos típicos, onde – ainda nos dias de hoje – o mocinho é inteiramente bom e o vilão é inteiramente mau.
Aliás, falando em mocinho, Chiklis dá um show a parte. Sua última série exibida na TV brasileira (na Record e no Multishow, no início da década de 90) foi O Comissário, em que ele fazia o papel de um chefe de polícia gordinho e bonachão, marido amantíssimo e pai dedicado, como se dizia antigamente. Em The Shield? Esqueçam: Chiklis é Vic Mackey, policial durão que é considerado o melhor não só do seu distrito como de toda a região mais barra-pesada de Los Angeles. Mackey é um sujeito que cumpre seu dever – mas se tiver que cobrir um marginal de porrada ou plantar provas falsas para pegar algum vagabundo, ele faz isso sem o menor pudor. E quem está falando em direitos humanos, cara-pálida?
Ok, ok, para a gente, que mora no Brasil, policiais que agem assim não constituem necessariamente uma novidade (a menos que você, estimado leitor, viva em Alphaville ou na Vieira Souto, mas mesmo assim tenho minhas dúvidas), mas é muito, muito bom ver uma série como estas na televisão. Primeiro porque, se é para ver uma série policial (eu vejo e assumo que gosto), vamos ver um negócio bem-feito: já chega desse negócio de homem-ou-grupo-de-homens-contra-a-corrupção-e-o-crime-na-cidade-grande. Ficção tem limite e acho que nem o norte-americano é tão imbecil a ponto de acreditar que um homem só derruba o sistema.
The Shield também não prega essa bobagem. Assume que o sistema é falho e corrupto, e não fica cheia de dedos na hora de expor os problemas. Tem policial pra tudo que é gosto: o político engravatado, o truculento marombado, o viado metido a certinho, o detetive inseguro e chato. Ninguém é melhor do que ninguém, e no fim das contas manter-se dentro da jogada é tão ou mais importante que combater o crime.
Melhor que isso, sinceramente? Só vendo uma série brasileira fazer a mesma coisa. Aliás, ver uma série brasileira (não produzida pela Globo, diga-se de passagem) já seria um grande adianto. Se fosse uma série honesta, então...
Primeiras impressões (que podem estar erradas) - Ontem, antes de The Shield, assisti um pedaço da nova série Boomtown. Dirigida por Jon Avnet (Tomates Verdes Fritos), a série mostra o violento dia-a-dia do lado pobre de Los Angeles. Não sei, mas fiquei com uma impressão desagradável de que os criadores da série viram Cidade de Deus e decidiram pegar o lado "cosmética da fome" (para usar o termo cunhado pela Ivana Bentes). Muito sangue e pouco conteúdo. Mas assumo: não vi o episódio na íntegra, logo posso estar redondamente enganado. Se alguém viu o episódio completo, mande um e-mail para a redação dizendo o que achou.
sábado, março 15, 2003
Carácoles! Acho que agora resolvi o problema do Bloglet. Só hoje me dei conta de que o código de HTML do Bloglet havia sumido da página, e tive que voltar lá no site do Monsur Hossain para dar aquele copy-paste bonito. Agora taí: assinem, schifazfavoire.
Satisfação garantida! Porque dinheiro de volta não tem, né, pessoal? Afinal, o blog é de graça. Mas para aqueles que perderam a paciência com cerca de uma semana sem novidades, aviso: segunda-feira esta moleza vai acabar! Problemas pessoais e profissionais (infelizmente a gente não paga as contas com blog - pelo menos ainda não) fizeram com que eu não tivesse tempo para fazer aqueles posts elaborados e saborosos, do jeitinho que vocês gostam. Mas se tudo correr bem, hoje quebro meu jejum cinéfilo da Quaresma indo ver O Pianista, do Polanski. Se tudo der certo, nos próximos dias vocês verão aqui um comentário sobre esse filme e também sobre As Horas e Deus é Brasileiro, que vi no Carnaval e até agora não comentei aqui. E mais umas cositas que, espero, irão agradar. Patientia ché lá vem cosa!
terça-feira, março 11, 2003
Bloglet: o problema continua! Pois é, confesso que não sei o que fazer. Todo dia tem alguém querendo se cadastrar no Bloglet para receber atualizações do Cinephilia. Mas o sistema deles está com defeito, e o Monsur Hossain, seu criador, até agora não respondeu meu e-mail pedindo ajuda. Continuo, então, pedindo a quem quiser se cadastrar que envie um e-mail para mim, ok? Não sei por que cargas d'água, mas da minha máquina eu estou conseguindo (pelo menos estava da última vez em que tentei) cadastrar outros e-mails. Então, cartas para a redação, ok? Obrigado!
domingo, março 09, 2003
Blog cinéfilo legal na parada! Pois é, procês verem. Quando criei este blog, não tive a manha de checar se havia algum outro com nome idêntico. Haver não há, mas a Fernanda Guimarães Rosa já tinha criado há um tempão (em maio de 2002, portanto há quase um ano) uma seção chamada Cinefilia em seu ótimo site. Adicionei o Cinefilia, portanto, ao meu rol de blogs cinéfilos (e o engraçado é que ela também chama assim os blogs amigos). Visitem, porque é bonito pacas e super bem escrito.
Balanço Cinematográfico de Carnaval, Parte Um. Demorei mas finalmente vou começar a cumprir o que prometi logo depois do carnaval: falar dos três últimos filmes assistidos durante a folia de Momo. Ao contrário do que várias pessoas andaram comentando em outros blogs, os cinemas do Rio não estavam vazios não, pessoal: este ano (não sei se pela promessa de violência nas ruas ou se por puro e simples cansaço) presenciei um recorde de público durante o Carnaval, pelo menos no que tange à minha razoável experiência de cinemeiro. A sessão de Prenda-Me se For Capaz, de Steven Spielberg, que eu e minha mulher assistimos na terça-feira gorda no cinema Roxy, em Copacabana, não chegou a lotar, mas foi por pouco: cerca de trezentos e cinqüenta dos pouco mais de 400 lugares estavam ocupados.
O filme é um barato. Se você viveu nos anos 60, então, é muito divertido ver a animação pseudo-tosca e meio op-art dos créditos de abertura, concebida como uma homenagem aos filmes e séries daquela época (meninos e meninas, eu me lembro bem!). A trilha sonora é mais uma bola dentro do arroz-de-festa (no bom sentido) John Williams, que concorre pela enésima vez este ano ao Oscar e só não tem garantia absoluta de ganhar porque vai concorrer com o inimitável Philip Glass, pelo belíssimo (comentarei outro dia) As Horas.
O que dizer da história? Caso real, mas (dizem) bastante adoçado pela mão leve de Spielberg. Mas isso não quer dizer que o filme seja ruim, pelo contrário: as atuações estão impecáveis (Leonardo di Caprio está bem e Christopher Walken merece levar a estatueta do careca mais querido de Hollywood, sem falar em Tom Hanks), o ritmo é rápido comme il faut, o que é ótimo, ainda mais que o filme tem cerca de duas horas e quinze minutos de duração. Mas a história de Frank Abagnale, jovem nova-iorquino que decide viver por conta do abreu e simplesmente sai pelo mundo se fazendo passar por piloto de avião, médico pediatra e advogado, é hilária. Destaque para o detalhamento da explicação sobre como ele fraudava cheques, coisa razoavelmente fácil de se fazer por volta da época em que eu nasci - 1966, entrego logo o jogo. Filme rápido e não tão rasteiro assim (maldade de quem critica Spielberg, um mestre do ofício).
Curiosidade: no rastro do filme, a Editora Record lançou a autobiografia de Frank Abagnale. Não li, mas deve ser bem interessante comparar livro com filme, coisa de que gosto muito de fazer - e fiz com As Horas. Mas sobre esse filme espetacular de Stephen Daldry eu falo outro dia.
O filme é um barato. Se você viveu nos anos 60, então, é muito divertido ver a animação pseudo-tosca e meio op-art dos créditos de abertura, concebida como uma homenagem aos filmes e séries daquela época (meninos e meninas, eu me lembro bem!). A trilha sonora é mais uma bola dentro do arroz-de-festa (no bom sentido) John Williams, que concorre pela enésima vez este ano ao Oscar e só não tem garantia absoluta de ganhar porque vai concorrer com o inimitável Philip Glass, pelo belíssimo (comentarei outro dia) As Horas.
O que dizer da história? Caso real, mas (dizem) bastante adoçado pela mão leve de Spielberg. Mas isso não quer dizer que o filme seja ruim, pelo contrário: as atuações estão impecáveis (Leonardo di Caprio está bem e Christopher Walken merece levar a estatueta do careca mais querido de Hollywood, sem falar em Tom Hanks), o ritmo é rápido comme il faut, o que é ótimo, ainda mais que o filme tem cerca de duas horas e quinze minutos de duração. Mas a história de Frank Abagnale, jovem nova-iorquino que decide viver por conta do abreu e simplesmente sai pelo mundo se fazendo passar por piloto de avião, médico pediatra e advogado, é hilária. Destaque para o detalhamento da explicação sobre como ele fraudava cheques, coisa razoavelmente fácil de se fazer por volta da época em que eu nasci - 1966, entrego logo o jogo. Filme rápido e não tão rasteiro assim (maldade de quem critica Spielberg, um mestre do ofício).
Curiosidade: no rastro do filme, a Editora Record lançou a autobiografia de Frank Abagnale. Não li, mas deve ser bem interessante comparar livro com filme, coisa de que gosto muito de fazer - e fiz com As Horas. Mas sobre esse filme espetacular de Stephen Daldry eu falo outro dia.