sábado, março 01, 2003

Aviso aos navegantes! O maldito bloglet continua com problemas para aceitar assinaturas. Soube que esta semana várias pessoas quiseram assinar este blog mas não conseguiram. Quem quiser assinar o Cinephilia pode me enviar um e-mail que eu providencio a assinatura, ok?
Meninos e meninas, eu vi. Acabo de voltar do cinema, onde vi Adaptação, de Spike Jonze. Eu sei que não é lá muito jornalístico (mas este blog é paixão de cinéfilo, não demonstração de erudição de algum pretenso crítico de cinema, coisa que não sou), mas só tenho uma palavra: putaquipariu!
Bom, claro que eu não tenho só uma palavra, mas não é possível resumir com precisão a última loucura de Spike Jonze. Um excelente trabalho (duplo!) de ator de Nicholas Cage (que conseguiu ficar tão feio neste filme quanto Cameron Diaz em Quero Ser John Malkovich, o filme que lançou a dobradinha Charlie Kaufman (roteiro) e Spike Jonze (direção) como dois dos sujeitos mais malucos-cabeça de Hollywood.
Em Adaptação, Kaufman conta a sua própria história: a encomenda para adaptar um livro inusitado chamado "O Ladrão de Orquídeas", da jornalista nova-iorquina Susan Orlean (Meryl Streep, vivendo uma das melhores fases de sua carreira desde os anos 1980) e um bloqueio criativo que tem origem em sua própria impossibilidade de se comunicar com as pessoas... O que não ocorre com seu irmão gêmeo, Donald, que subitamente decide se tornar roteirista, seguindo as regras mais batidas do ofício (e um guru dos roteiristas iniciantes baseado escancaradamente em Syd Field) e se dá bem com todo mundo, principalmente as mulheres.
Até aí seria uma história até razoavelmente repetida, não fosse pelo fato de que Charlie Kaufman quebra quase todas as regras do ofício ao longo do filme. De flashbacks que remontam à Hollywood de meros quatro bilhões de anos atrás até reprimendas contra o uso de voice-overs, Kaufman tripudia de si mesmo, de Susan Orlean e principalmente da maioria esmagadora dos roteiristas de blockbusters americanos. Mais do que isso, impossível falar: confiram assim que puderem!!

Curiosidades: Em 11 de fevereiro, Donald Kaufman foi indicado para o Oscar junto com o irmão. Seria ótimo, não fosse pelo fato de que ele não existe: foi uma brincadeira muito bem-sucedida de Charlie Kaufman. Já a jornalista Susan Orlean existe mesmo, bem como seu livro. Confira aqui, no site oficial dela. E Spike Jonze eventualmente trabalha como ator. Seu papel mais conhecido entre o público brasileiro foi o do pentelhésimo soldado Conrad Vig em Três Reis estrelado por George Clooney e Mark Wahlberg.

quarta-feira, fevereiro 26, 2003

O sistema de assinaturas voltou. Tá lá o Bloglet estendido no chão: quem quiser me dar o prazer e a honra de assinar este humilde weblog já pode fazê-lo canetando seu e-mail na caixa abaixo à direita e clicando em "subscreva". Os antigos assinantes do outro Cinephilia já foram automaticamente subscritos, pois, e quem vier será muito bem-vindo.

terça-feira, fevereiro 25, 2003

Ciao Albertone! Este blog está de luto: morreu ontem, aos 82 anos, o ator Alberto Sordi, um dos maiores comediantes do cinema italiano e mundial. Trabalhou em mais de cem filmes, com diretores como Federico Fellini, Mario Monicelli e Dino Risi.
Confira o site oficial dele aqui, onde você pode inclusive enviar um e-mail dando seu último adeus a esse grande ator.
Mas, se você ainda não conhece nada da filmografia de Sordi, vamos combinar o seguinte: pegue um bom vinho italiano (tinto seco, que é de lei) e alugue Os Boas-Vidas, de Fellini. Você vai gostar, e Albertone também ficaria feliz.

domingo, fevereiro 23, 2003

Meninos e meninas, eu vi. Ontem, acompanhado de minha digníssima senhôura (que há poucos dias voltou a fazer parte da comunidade blogueira, reativando o bonito e supersensível Mermaid Online), fui ao cinema ver Gangues de Nova York.
O que dizer? Sensacional. Daniel Day-Lewis merece o Oscar de melhor ator sem discussão. Cameron Diaz e Leonardo di Caprio corretos (Leonardo tem momentos acima da sua média, como a crise de choro no teatro chinês - não entrarei em mais detalhes para quem ainda não viu o filme). A trilha sonora de Howard Shore, pelamordedeus, é de chorar de tão bonita e pungente. O roteiro, baseado (livre, leve e soltamente) no livro homônimo de Herbert Asbury, é complexo, mas não tem nada de inteligível, como já disseram alguns blogueiros (e um gordo tatuado na mesa ao lado da minha e de minha família no restaurante Raajmahal, em Botafogo, há duas semanas, que falava incrivelmente alto, incomodando todos ao redor). Gangues de Nova York não chega a ser shakespeariano, mas quase chega lá. O número de personagens, digno de Dickens, também não pode servir de desculpas: as primeiras cenas de Leonardo di Caprio no filme são repletas de miniflashbacks comparativos, contrapondo os rostos dos personagens que lutaram ao lado de seu pai, o "pastor" Vallon (Liam Neeson, em curtíssima porém impecável participação) na Batalha das Cinco Pontas, dezesseis anos antes, com seus rostos atuais - um recurso pra lá de didático que Martin Scorcese utilizou justamente para facilitar a compreensão do espectador.
O resto é silêncio, como diria Shakespeare - ou não: o resto é muito barulhento, como mandam as boas batalhas. E malcheiroso: impossível acompanhar os personagens pelos antros da Nova York de meados do século dezenove sem praticamente sentir o fedor daqueles corpos mal (ou não) lavados. A reconstituição de época poderá até ter falhas (não vi nenhuma, mas não sou especialista), mas a direção e os atores convencem a cada minuto.
Posso estar exagerando, mas para mim os melhores filmes de Scorcese são justamente aqueles em que ele se afasta dos cenários de sua infância e analisa outros períodos históricos - momentos em que ele se torna um diretor realmente universal (perdoem-me o clichê). Na filmografia de Scorcese, Gangues de Nova York e A Última Tentação de Cristo estão entre os melhores.
Alice agora mora aqui. Pois é, meus caros amigos fãs de cinema e congêneres: depois de alguns aborrecimentos com o Blogger Brasil (que não aceita o Bloglet e entra em manutenção mais vezes do que o Blogger.com, decidi me mudar de vez para cá, onde sempre fui feliz, e segundo a Paula Foschia, sou um latifundiário dos blogs. Apesar de que estou mais para fazendeiro do ar, mas isso é outra história.

PS: Abaixo, TODOS os posts do outro blog, que copiei e colei para vocês não terem que ficar voltando lá para checar alguma coisa. Viram como eu sou bacana?